As estimativas do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) apontam que desde o início do ano cerca de vinte mil funcionários públicos já pediram a reforma antecipada. Segundo o presidente do STE, Bettencourt Picanço, houve uma verdadeira corrida desenfreada às reformas antecipadas antes que entrassem em vigor as novas penalizações.
Os trabalhadores do ministério da saúde, com particular destaque para os médicos, foram os que mais entraram com pedidos de reforma antecipada, seguidos dos trabalhadores das finanças e do trabalho e da segurança social. Para Picanço também o ministério da educação ficará desfalcado com a corrida antecipada às aposentações.
A principal preocupação diz respeito à perda na qualidade prestada por estes serviços. O efeito das reformas antecipadas já vinha a ser sentido em vários organismos, como é o caso da Direcção-Geral do Orçamento (DGO), que desde 2005 já perdeu mais de um terço do total de funcionários, 117 dos quais 95 por motivo de reforma. No relatório de actividades da DGO o ex-director Luís Morais Sarmento afirma que a situação na DGO não é sustentável e que está em causa a capacidade da DGO para desenvolver adequadamente as suas atribuições.
Para Picanço este efeito está relacionado com o anúncio do aumento das penalizações e com o mau ambiente dentro das instituições do Estado: "Estamos a falar de pessoas de quem se esperaria ainda muitos anos de trabalho e que habitualmente, e em condições normais, ficariam em actividade depois da idade de aposentação. Está relacionado com o mal-estar dentro das instituições: as pessoas não se sentem bem e saem com o mínimo de prejuízo possível".
A preocupação com as reformas antecipadas também é compartilhada por Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, que considera inaceitável a entrada em vigor das novas penalizações para as aposentações antecipadas “Muitos milhares de trabalhadores reformaram-se antecipadamente, com penalizações enormes, com medo do agravamento das penalizações. Isto é mau para os trabalhadores porque ficam com pensões muito baixas e é mau para os serviços que ficam sem pessoal suficiente para funcionarem em condições", acrescentou referindo os caso da saúde, educação, finanças e segurança social.
Mais um ataque desta "desgovernação", a pressionar funcionários e serviços públicos, enfraquecendo-os de maneira a facilitar as tão "enriquecedoras" privatizações.
ResponderEliminarEnriquecedoras para alguns, claro!